A fotografia, enquanto objeto, tem valor desprezível. Não tem muito sentido querer possuí-la. Seu valor está na informação que transmite.

 

Na sociedade da informação e do conhecimento, as imagens são essenciais na transmissão das informações e na construção coletiva do saber humano. Observa-se que a preponderância do texto sobre a imagem vem ocorrendo gradual e sistematicamente, mas de forma cada vez mais acentuada. Pode-se dizer que a chegada da televisão e a sua banalização, especialmente a partir dos anos 80, trouxe a imagem de forma sistemática ao mundo e isto se refletiu na imprensa escrita. Jornais e revistas passaram a ser cada vez mais ilustrados e a máxima 'uma imagem vale por mil palavras' tornou-se chavão. Câmaras fotográficas digitais, telefones celulares e tantos outros novos aparatos tecnológicos oferecem inúmeros recursos para captura e processamento de imagens. Softwares sofisticados, mas de uso acessível, proporcionam condições de edição, com know how fácil e específico para produção de imagens técnicas, inclusive por leigos. Este é o contexto das o contexto das tecnoimagens – ou imagens mediadas, conforme denominou Vilém Flusser, ao se referir as imagens mediadas por um aparelho, como a fotografia. As tecnoimagens também são chamadas de imagens tecnológicas ou imagens técnicas.

 

Flusser comenta sobre os primórdios da escrita, apontando seu nascimento nas imagens - pictogramas, ideogramas, hieróglifos e, finalmente, as letras. Assim, no entender do autor, a escrita é um passo aquém das imagens e não um passo em direção ao mundo. Os textos só significam o mundo por meio das imagens que eles representam. Decifrar textos é descobrir imagens significadas pelos conceitos. O autor afirma que, enquanto as imagens antigas apenas imaginavam o mundo, as novas imagens - as imagens técnicas - imaginam textos que concebem imagens que imaginam o mundo.

 

A primeira destas imagens técnicas será a fotografia. E sobre ela recai a importância desta nova linguagem: a imagética.

 

O gesto do fotógrafo é um gesto filosófico: ou, dito de outro modo: desde que se inventou a fotografia é possível se filosofar não só no ambiente das palavras como também no das fotografias (...). A fotografia é o resultado de uma olhada ao mundo e, simultaneamente, uma mudança do mundo: algo do tipo novo. (FLUSSER, 1994, p.104-105, tradução nossa).

 

Neste sentido, Arlindo Machado ( 2001, p. 22) entende que "[...] se é verdade que a imagem está na origem de toda escritura, também é verdade que a imagem nunca deixou de ser um uma certa modalidade de escritura."

 

De acordo com Flusser, língua e imagem são duas dimensões da realidade que possuem a mesma função: o armazenamento de informações. O resultado desse armazenamento de informação característico do ser humano é a cultura.

 

As imagens tecnológicas invadem, também, as comunidades científicas neste mundo globalizado. Estudiosos e pesquisadores passam a utilizá-las para divulgar informação e propiciar a construção do conhecimento. Comunidades científicas formam-se em torno delas. Estudar sobre a história, o desenvolvimento destas imagens, em especial da fotografia, é fundamental para entendermos esta nova linguagem.