III. Arquiterua Ocidental: Séculos XIX e XX

Apresentação


Nos séculos XIX e XX, a Arquitetura Ocidental se renova completamente, concretizando as propostas emergentes desde o século XV, quando o fenômeno da Modernidade começa a se delinear.


É um curto período de tempo na escala histórica, mas que experimenta uma mudança acelerada nas instituições, redefinindo sucessivamente as relações entre capital, trabalho e Estado, sendo que em cada uma dessas etapas se redefine também o papel social do arquiteto.


O incremento da urbanização, provocado pela Segunda Revolução Industrial, a meados do século XIX, traz novos desafios e amplia o campo de trabalho dos arquitetos, que incluirá, entre suas competências, o planejamento territorial e urbano e a construção massificada de moradias. Surgem diversas propostas, que competem na formulação de princípios e meios pelos quais os arquitetos querem participar da construção da nova sociedade.


O crescimento dos nacionalismos, que, em muitos casos, resultará em regimes totalitários no período do Entreguerras, incorpora os arquitetos nos projetos de desenvolvimento nacional e/ou nos projetos de reconstrução, permitindo, por outro lado, a aplicação dos princípios racionais de eficácia e do paradigma do progresso tecnológico que caracterizam a Modernidade.


O breve período de democratização do mundo ocidental no período do Pós-Guerra, unido pelas novas Tecnologias de Comunicação, proporciona o surgimento de outros grupos que disputarão o controle hegemônico do campo da Arquitetura. O desenvolvimento de novas ciências, como a Ecologia, fazem surgir preocupações com a economia e conservação dos recursos renováveis e a sustentabilidade das construções e assentamentos humanos, direcionando o campo tecnológico e recuperando alguns aspectos da cultura vernácula.


A Terceira Revolução Industrial, ou o advento das Tecnologias Informatizadas, aliada ao fenômeno da Globalização, dilui as fronteiras ideológicas e fratura as identidades nacionais, num fenômeno conhecido por Pós-modernidade, mais ao final do século XX. O campo social reage com o crescimento das forças conservadoras, cuja repercussão, no campo da Arquitetura, é representada pela preocupação com o patrimônio arquitetônico e os sítios históricos, antes desprezados pelas correntes arquitetônicas de caráter modernizante.


Se no limite inferior do período as manifestações no campo da Arquitetura podem ser referidas a determinados Movimentos, Estilos e Escolas, cada uma com seu próprio caráter e ideologia e sua "receita" para a solução dos problemas sociais e/ou arquitetônicos, o limiar do século XXI mostra certo esvaziamento ideológico. Este fato é evidenciado pelo crescimento de correntes arquitetônicas com preocupações puramente estilísticas e das tendências pragmáticas que incorporam referências arquitetônicas das mais diversas fontes sem preocupação com coerência e, sim, com sua eficácia simbólica em dada situação.


O progresso tecnológico, as novas técnicas construtivas e os novos materiais continuam incorporando-se às construções, e este é o único eixo de desenvolvimento que não sofre interrupções ao longo do período, mostrando que, apesar de tudo, a Arquitetura ainda mantém um referencial muito forte na Modernidade.

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