Século XIX: Movimentos de Renovação

Apresentação


No início do século XIX, a catalogação exaustiva das obras arquitetônicas antigas permite aos arquitetos o domínio dos estilos de um passado mítico, fonte de inspiração das sociedades revolucionárias e republicanas. Mas este conhecimento leva a uma interrogação: se os antigos desenvolveram técnicas e criaram estilos de acordo com os recursos e as necessidades de seu tempo, qual é o estilo de nossa própria época? Esta é a questão que definirá a problemática de então e presidirá propostas inovadoras, conferindo grande dinamismo dentro do campo da Arquitetura.


A proposta precursora, o movimento Arts & Crafts, expressa a ambiguidade que acompanha o homem moderno: ao mesmo tempo em que se propõe a melhorar a qualidade dos produtos industrializados e das relações de trabalho, é profundamente anti-industrial e anti-urbana em sua inspiração. O Movimento tem o grande mérito de trazer a perspectiva da arquitetura vernácula, até então banida do cenário da Arquitetura erudita, e de formular o conceito de "estética total", com grande influência no desenvolvimento posterior da Arquitetura.


O chamado Racionalismo Estrutural, por outro lado, começa a incorporar as inovações técnicas e os novos materiais (principalmente o ferro e o vidro) às construções, desenvolvendo os programas arquitetônicos da nova sociedade industrial: grandes pavilhões para indústrias, mercados, estações ferroviárias. Dentro de uma visão mais pragmática, a questão do estilo é tratada num segundo plano. O mais característico é que as grandes inovações técnicas sejam ocultas pela decoração aplicada, cujo estilo ficava à escolha do cliente.


Esta atitude progressista encontra seu ápice na América, através de uma ação concertada na cidade de Chicago, primeiramente, mas que logo estenderá sua influência. Na necessidade de reconstruir a cidade, destruída por um grande incêndio em 1871, há o intento deliberado de pensar a nova cidade industrial em sua organização, sistemas de transporte e circulação e morfologia edilícia. Os artefatos e mecanismos decorrentes do progresso tecnológico começam a ser empregados em construções de grande escala e altura, definindo o perfil verticalizado e concentrado da cidade moderna.


Outra solução é encaminhada pelas realizações da chamada "Arte Nova", em que se expressa de forma completa o desejo de mudança de padrões. Os progressos das técnicas construtivas e dos materiais modernos e os novos princípios científicos higienistas são aplicados em construções que contemplam os novos estilos de vida urbana. Principalmente, há uma completa independência em relação aos estilos históricos. E, não menos importante, o arcabouço estrutural é aparente, trabalhado de forma artística e incorporado como mais um elemento do estilo.

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