Raio-X Panorâmico
Uso da radiografia panorâmica no diagnóstico e planejamento em Ortodontia
A radiografia panorâmica é uma radiografia de técnica extra-bucal e possibilita o exame de ambos os arcos dentários em apenas uma incidência radiográfica. É um exame que tecnicamente não é complexo e a dose de radiação recebida é pequena.(ARAÚJO,1988) Também é considerada uma excelente técnica radiográfica quando a intenção do exame é inspecional. (MAH, 2012)
Miles e Parks (2001), afirmam que este tipo de radiografia deve detectar precocemente problemas de erupção e desenvolvimento, para que possa reduzir a necessidade de um tratamento ortodôntico prolongado. Além disso, recomendam um exame que inclua as áreas dos dentes, base da mandíbula e maxila na época da fase inicial da dentição mista e a radiografia panorâmica se presta para este tipo de acompanhamento.
Esta tomada radiográfica também auxilia no diagnóstico e acompanhamento em ortodontia e odontopediatria, sendo de grande valor no controle pós-trauma ósseo, especialmente nos casos que o paciente apresenta trismo ou imobilizações maxilo-mandibulares (BEAN; ACKERMAN, 1984; CAPELLI et al., 1991).
Inúmeras são as vantagens da radiografia panorâmica na clínica infantil. Dentre elas estão a visão de conjunto, facilidade da técnica e exclusão do filme da cavidade bucal, permitindo que crianças com limitação de abertura bucal e em situação de medo frente ao tratamento odontológico, sejam radiografadas. Tal técnica proporciona ao paciente e responsável um melhor entendimento das condições bucais, permitindo ao profissional explicar e exemplificar possíveis prognósticos e necessidades de tratamento (ALVARES; TAVANO, 2002; GUEDES PINTO;BONECKER, 1999).
Parece haver um consenso na literatura de que na ausência de qualquer evidência clínica de distúrbio de crescimento e desenvolvimento, a tomada radiográfica panorâmica deve ser solicitada no início da fase de dentição mista, onde se visualiza todos os dentes decíduos e os germes dos dentes permanentes, com possibilidade de se realizar o diagnóstico e o tratamento precoce de eventuais alterações (PINKHAN, 1996; PURICELLI, 1998; RIBEIRO et al., 2000; TEIXEIRA et al., 2000; LINS et al., 2001; ADA, 2004; PURICELLI;PONZONI, 2005).
De acordo com OLIVEIRA M.M.N et al., 2006 a realização de uma radiografia panorâmica está indicada na fase inicial da dentição mista com a finalidade de realizar o diagnostico precoce de possíveis alterações encontradas no paciente infantil, conforme mostra a figura 1 que pertence a um paciente de 6 anos e 8meses em fase inicial de dentição mista e apresenta perda de espaço para erupção do segundo pré-molar inferior direito (dente 45) devido a perda precoce do segundo molar decíduo inferior direito (dente 85) e também podemos visualizar um tratamento endodôntico no segundo molar decíduo inferior esquerdo (dente 75) e lesão periapical neste mesmo dente.
Figura 1: Radiografia panorâmica de um paciente 6 anos e 8 meses.
As radiografias panorâmicas fornecem algumas informações sobre a simetria mandibular; dentes presentes, ausentes e supranumerários; idade dentária; sequência de erupção; informações limitadas sobre a saúde periodontal; seios paranasais; paralelismo radicular e sobre as ATMs. (figura 2) Porém, as radiografias panorâmicas também tem várias deficiências relacionadas a confiabilidade e precisão do tamanho, localização e forma das imagens criadas. Estas discrepâncias surgem porque a imagem panorâmica é criada através de uma delimitação focal ou região de foco que se adeque ao tamanho e à forma da mandíbula. A radiografia panorâmica fornece melhores imagens quanto mais próximo do tamanho geral da mandíbula estiver a anatomia radiografada. Quaisquer desvios em relação a esse tamanho da mandíbula resultará em uma estrutura que não estará centrada dentro da delimitação focal e, como resultado, apresentará diferenças de tamanho, localização e forma quando comparadas ao tamanho real da mandíbula. (MAH, 2012)
Figura 2: Presença de dois dentes extra-numerários, um na região de incisivos superiores e outro na região de pré-molares inferiores no lado esquerdo. Além disso, o segundo pré-molar superior esquerdo (dente 25) encontra-se mésio-angulado.
LISTA DE REFERÊNCIAS:
- AMERICAN DENTAL ASSOCIATION.Guidelines for the Selection of Patients for Dental Radiographic Examinations – 2004. Disponível em: http://www.fda.gov.br/cdrh/radhlth/adaxray-1.pdf.
- ALVARES, L. C.; TAVANO, O. Curso de Radiologia em Odontologia. 4.ed.São Paulo: Santos, 2002. 248p.
- ARAÚJO, M. G. M. Ortodontia para clínicos. 4 ed, São Paulo: Santos,1988. Cap. 5.
- BEAN, L. R.; ACKERMAN, W. Y. J.Radiografia Intrabucal ou Panorâmica? In: _____. Simpósio de Odontopediatria – Clínicas Odontológicas da América do Norte. São Paulo: Rocca, 1984. Cap. 4, p.55-64.BORGES, M. R.; SOUZA, I. F.; ARAUJO
- CAPELLI, J. et al. Avaliação de Interesse Clínico entre a Radiografia Panorâmica e o Conjunto Periapical Aplicado à Clínica Odontológica. R. Inst. Ciênc. Saúde, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 59-68, jul./dez. 1991.
- GUEDES PINTO, A. C.; BÖNECKER,M. I. S. Técnica Radiográfica em Odontopediatria e Interpretação das Principais Anomalias de Desenvolvimento Dentário. In: GUEDES PINTO, A.C. et al. Reabilitação Bucal em Odontopediatria.São Paulo: Santos, 1999. Cap. 2, p.15-31.
- LINS, B. A. P. et al. Prevalência de Anomalias Dentárias em Pacientes de 07 a 17 Anos na Cidade de João Pessoa – PB. Pesq. Bras. Odontopediatria Clín.Integr., João Pessoa, v. 1, n. 3. 2001.
- MAH J.K., HARCHER D.,HARRELL JR W. Imagem Craniofacial em Ortodontia. In: Ortodontia Princípios e técnicas atuais. Rio de Janeiro, 2012, Cap 4 p.112- 113. GRABER L. W., VANARSDALL R. L., VIG K. L. K.
- MILES, D. A.; PARKS, E. T. Técnicas Radiográficas. In: MCDONALD, R. E.; AVERY, D. R. Odontopediatria. 7.ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2001. Cap. 5, p. 43-59.
- OLIVEIRA M. M. N. et al. Aspectos relacioandos ao emprego da radiografia panorâmica em pacientes infantis. R. Fac. Odontol. Porto Alegre, Porto Alegre, v. 47, n.1, p. 15-19, 2006.
- PINKHAN, J. R. Exame, Diagnóstico e Plano de Tratamento. In: _____. Odontopediatria da Infância à Adolescência. 2.ed. São Paulo: Artes Médicas,1996. Cap. 30, p. 452-478.
- PURICELLI, E. Retenção Dentária: Novos Conceitos no Tratamento Orto-cirúrgico. In: GONÇALVES, E. A. N; FELLER, C. Atualização na Clínica Odontológica.São Paulo: Artes Médicas,1998. Cap. 1, p. 3-28.
- PURICELLI, E.; PONZONI, D. Cirurgia Bucal Pediátrica. In: TOLEDO, O. A. Odontopediatria: Fundamentos para Prática Clínica. 3.ed. São Paulo: Premier,2005. Cap. 13, p. 315-330.
- OLIVEIRA M.M. N., CORREIA M. F., BARATA J.S. Aspectos relacionados ao emprego da radiografia panor6amica em pacientes infantis. R. Fac Odontol. Porto Alegre, Porto Alegre, v.47,n.1, p. 15-19, 2006.
- RIBEIRO, R. A. et al. Prevalência de Anomalias de Desenvolvimento Dental entre 129 Crianças e Adolescentes de Juiz de Fora (MG): Um Estudo Radiográfico. R. do CROMG, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 46-52, jan./abr. 2000.
- TEIXEIRA, D. L. S. et al. A Importância da Solicitação de Radiografia pelo Odontopediatra para o Diagnóstico Precoce de Dentes Supranumerários – Relatos de Casos Clínicos. J. Bras. Odontopediatr. Odontol. Bebê, Curitiba. v.3, n.14, p. 307-312. 2000.