A historiografia moderna do Cubismo centrou boa parte de seu trabalho interpretativo na análise formal das obras produzidas pelo movimento. A mais recorrente “ferramenta teórica” utilizada é o par de conceitos “cubismo analítico” e “cubismo sintético”, estabelecido por Alfred H. Barr Jr. (1902-1981), historiador da arte americano e primeiro diretor do MoMA, em seu Cubism and Abstract Art (1936), que por sua vez os tomou de empréstimo à obra do marchand Daniel-Henry Kahnweiler, Der Weg zum Kubismus (1920), passando a aplicá-los ao desenvolvimento do Cubismo como um todo, e não apenas ao trabalho de seus principais expoentes, Picasso e Braque.
Atualmente, no entanto, torna-se cada vez mais recorrente o estabelecimento de outras vias de acesso ao movimento, além da formal. Autores como Patricia Leighten perguntam: de que modo o movimento cubista foi alimentado pelas correntes primitivistas que percorriam a Europa com mais força desde o século XIX, em virtude do colonialismo e das grandes Exposições Universais realizadas, por exemplo, em Londres e Paris? Como os artistas cubistas se apropriaram das teorias científicas e pseudo-científicas da quarta dimensão, e que teorias eram essas? Que papel o pensamento de um filósofo como Henri Bergson desempenhou na formulação das propostas cubistas, e de que modo a gramática formal e estrutural cubista repercute na literatura de uma escritora modernista como Gertrude Stein? Qual o impacto da Primeira Guerra Mundial no movimento cubista, e qual o impacto do Cubismo no modo de perceber a guerra?
O objeto de aprendizagem Cubismo: Múltiplas Dimensões oferece uma série de recursos que instrumentalizam a busca de respostas a essas novas e instigantes perguntas, surgidas no âmbito da presente historiografia da arte moderna. Basta clicar nas diferentes cores do cubo mágico para acessar cada um dos quatro módulos que, em conjunto, pretendem propiciar a discussão sobre as múltiplas facetas do Cubismo através da disponibilização de vídeos com depoimentos de especialistas, textos fundamentais para a compreensão e a contextualização histórica do movimento cubista, especialmente traduzidos para Cubismo: Múltiplas Dimensões, e de propostas de atividades presenciais elaboradas a partir deles, bem como da indicação de bibliografia complementar.
Basta clicar no quadrado vermelho do cubo mágico para ter acesso ao módulo Cubismo e Primitivismo, com depoimento em vídeo do professor José Augusto Avancini (UFRGS) sobre o primitivismo nas Vanguardas Históricas, e textos de Émile Soldi, G. Burguess e Jean Metzinger.
Verde é a cor que conduz ao módulo Cubismo e Quarta Dimensão, com depoimento em vídeo da professora Daniela Kern (UFRGS) sobre a ascensão e queda das teorias da quarta dimensão, e textos de C. H. Hinton, Henri Poincaré e E. Jouffret.
Laranja é a opção que possibilita a entrada no módulo Cubismo, filosofia e literatura, com depoimento em vídeo do professor Ricardo Timm de Souza (PUCRS) sobre a filosofia de Henri Bergson, e textos de William James, Tancrède de Visan e Gertrude Stein.
Amarelo é o caminho para o módulo Cubismo e Guerra, com depoimento em vídeo do professor Éder Silveira (UFCSPA) sobre a Primeira Guerra Mundial, e textos de Reginald Farrer, André Salmon e Ernest Hemingway.
Como em um cubo mágico, é possível “experimentar” as múltiplas dimensões do Cubismo em qualquer ordem. Então, mãos à obra!