Ação Católica

O pensamento elitista, reacionário e antirrevolucionário de Jackson de Figueiredo é a tradução laica do Movimento de Reação Católica, liderado no Brasil por D. Sebastião Leme, buscando a inserção nos costumes brasileiros de valores morais e religiosos. É uma tentativa da Igreja de, novamente, tornar-se influente na vida nacional, o que havia perdido já na época do Império. Para tanto, deveria seguir as orientações gerais do Papa, de reação ao positivismo, ao liberalismo e ao socialismo bem como a pregação contrária aos movimentos de rebeldia às autoridades constituídas de que fala Soares.

Para que a afirmação da Igreja e sua presença fossem mais constantes, através do Centro D. Vital, se buscava formar uma elite católica. Procurava recatolicizar à elite intelectual do pais para influir nos destinos do mesmo. Este era o objetivo, embora, na opinião de De Kadt (Apud CAVA, 1975, p.32), o Centro D. Vital "nunca se tornou o foco real donde se espraiasse uma ideologia específica. Nunca se tornou pivô de um movimento social engajado na sociedade. Seus laços com a diocese do Rio, dirigida desde 1943 pelo Cardeal Câmara, um prelado conservador, impossibilitaram este engajamento".

Todo o movimento de reação católica, no Brasil, foi estru­turado a partir da chamada romanização da Igreja Católica. Esse processo caracterizava-se pela reestruturação da Igreja de cada pais, segundo o modelo da Igreja de Roma.

Além de substituir as devoções populares tradicionais "por novas devoções sob controle clerical", as relações na Igreja entre bispos, padres e leigos eram fundamentadas no poder religioso. O Papa era o centro para a Igreja Universal enquanto o Bispo o era para sua Diocese. O leigo ocupa uma posição passiva, sem qualquer poder próprio (OLIVEIRA, 1980). O autor ressalta que esta análise é válida apenas para o capitalismo agrário, pois a influência do aparelho religioso sobre o operário urbano era bem menor que nas classes subalternas rurais.

Buscando o maior engajamento dos leigos como grupos que poderiam e deveriam exercer influência em seu meio através do exemplo e da ação é que o Episcopado Brasileiro passa a organizar – sob orientação de Roma – a AÇÃO CATÓLICA.

Segundo o Pe. Arnaldo M Arruda (apud MANOEL, 1999, p. 212) o que caracterizava a Ação Católica e a distinguia de qualquer outra associação religiosa era o fato deconstituir-se em:

  • Um apostolado, isto é, um trabalho de propagação da Fé e difusão do Cristianismo;
  • Um apostolado organizado, ou seja, exercido por um grupo de pessoas entre cujas atividades apostólicas possuíam nexos de subordinação e nexos de coordenação;
  • Um apostolado organizado oficial, isto é, formalmente reconhecido e aceito pela Igreja como colaboração ao seu ministério evangelizador."

Nesse contexto, a Ação Católica podia, segundo Manoel (1999), ser pensada em dois grandes grupos: a Ação Católica Geral e a Ação Católica Especializada. A Ação Católica Geral congregava adultos de ambos os sexos que se organizavam em departamentos específicos, cada um com o objetivo de uma ação determinada. Já a Ação Católica Especializada congregava jovens e tinha o objetivo específico de preparar o apostolado leito. Faziam parte:

  • Juventude Agrária Católica (JAC)
  • Juventude Estudantil Católica (JEC)
  • Juventude Independente Católica (JIC)
  • Juventude Operária Católica (JOC)
  • Juventude Universitária Católica (JUC)

A Ação Católica e o Serviço Social brasileiro tiveram uma estreita relação na sua gênese, na criação das primeiras escolas e no processo de profissionalização do Serviço Social.



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