Em pequenos grupos os alunos podem esboçar um pequeno inventário de expressões cotidianas que expressam preconceitos referentes a diferentes culturas. Após a enumeração de algumas expressões, desenvolvem uma pequena busca sobre as origens destas expressões e agrupam essas expressões atribuindo-lhes um valor positivo ou negativo, podendo inclusive imaginar novas expressões para substituir as expressões com valor negativo.
Possibilidade de desenvolver um trabalho em grupo e de promover o debate de forma que, pedagogicamente, os alunos possam expressar suas opiniões, crenças e valores, possam escutar e respeitar o discurso dos outros ao mesmo tempo que ousam intervir. Trata-se justamente de ser um meio de marcar as diferenças entre argumentos e preconceitos. Esta questão da alteridade, a noção de preconceitos (que podemos transmitir por meio de certas expressões utilizadas no cotidiano sem termos consciência0 é uma questão chave para a formação de cidadãos.
A organização dos trabalhos de discussão coletivos podem ser feitos e adaptados de acordo com os níveis de formação dos alunos, desde o ensino fundamental abordando o "saber-viver junto" até o debate argumentado no âmbito do ensino médio e do ensino universitário.
O Samba do Crioulo Doido é uma paródia composta pelo escritor e jornalista Sérgio Porto, sob pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, em 1968, para o Teatro de Revista, em que procura ironizar a obrigatoriedade imposta às escolas de samba de retratarem nos seus sambas de enredo somente fatos históricos. A expressão do título é usada, no Brasil, para se referir a coisas sem sentido, a textos mirabolantes e sem nexo. A composição fez parte do musical Pussy Pussy Cats, produzido por Carlos Machado e estrelado pelo Quarteto em Cy (que o gravou para o rádio), juntamente com Sérgio Porto, o autor. A paródia do samba-de-enredo ia de encontro à obrigatoriedade imposta pelo Departamento de Turismo da Guanabara aos compositores desses sambas de tratarem dos temas da História do Brasil, e que produziam os maiores disparates. Do teatro rebolado a canção recebeu gravações pelo Quarteto em Cy e Demônios da Garoa. No seu enredo, a música descreve como Chica da Silva obrigou a Princesa Leopoldina a se casar com Tiradentes, e este depois eleito como Pedro Segundo, quando procurou o padre José de Anchieta e, juntos, Anchieta e D. Pedro, proclamaram a escravidão - dentre outros disparates que reúnem num contexto personalidades de épocas e lugares distintos, em condições absurdas.
Este é o samba do crioulo doido.
A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu o regulamento,
E só fez samba sobre a história do brasil.
E tome de inconfidência, abolição, proclamação, chica da silva, e o coitado
Do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola.
Até que no ano passado escolheram um tema complicado: a atual conjuntura.
Aí o crioulo endoidou de vez, e saiu este samba:
Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a Princesa Leopoldina
Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes
Lá iá lá iá lá ia
O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá
O bode que deu vou te contar
Joaquim José
Que também é
Da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas
Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro
E acabou com a falseta
Da união deles dois
Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão
E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
Da. Leopoldina virou trem
E D. Pedro é uma estação também
O, ô , ô, ô, ô, ô
O trem tá atrasado ou já passou
Composição: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)
Áudio: Clique aqui.
Coitado do Crioulo Doido. Quando alguma coisa não está clara ou acontece alguma confusão, a culpa sempre cai sobre ele. Com certeza o nobre leitor já ouviu a expressão “isto está o samba do Crioulo Doido”, quando está envolvido em algumas dessas situações. Mas como o pobre rapaz conseguiu essa fama? Aliás, quem é ele? O História do Dia conta mais sobre o personagem que sabia tudo, mas na verdade não sabia nada.
O Crioulo Doido foi eternizado na composição do jornalista Sérgio Porto, que usava o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. Composto na década de 60 para o musical Pussy Pussy Cats, o “Samba do Crioulo Doido”, na verdade, foi uma canção de protesto. Tudo isso porque naquela época existia uma lei do estado da Guanabara que dizia que todos os sambas enredos deveriam tratar de fatos históricos brasileiros.
Revoltado com essa situação, e sobre todo com os erros que eventualmente eram cometidos nas composições, Sérgio ou Stanislaw, de propósito, fez uma letra sem pé nem cabeça. Porém, citando personagens históricos, locais e situações da história brasileira. Mas fazendo rima.
O objetivo era mostrar que o coitado do Crioulo, uma referência a todos os compositores, de tanto fazer samba com a história, uma hora acabou endoidando e confundiu tudo. Ou seja, ao mesmo tempo que ele sabia tudo, não sabia nada.
O Crioulo Doido ficou tão conhecido que ganhou um espetáculo apenas para si. A peça revivia a música brasileira desde Chiquinha Gonzaga até 1968, ano da estreia, e citava os acontecimentos históricos contemporâneos as canções citadas. E o Crioulo Doido sempre esteve lá, como espectador dos acontecimentos. Mas, conforme ia falando, as confusões entre datas, personagens e acontecimentos iam aparecendo.
No livro “Dupla exposição: Stanislaw Sérgio Ponte Porto Preta”, de Renato Sérgio, há uma passagem de Sérgio Porto, em que explica para a plateia de seu espetáculo, o motivo de ter criado o personagem.
“A minha ideia inicial era fazer uma crítica ao Departamento de Turismo da Guanabara que obriga as escolas de samba a desfilarem só com músicas inspiradas em fatos históricos. É um samba de protesto, isso não vou negar. Porque é difícil encaixar nomes, datas e acontecimentos passados dentro de uma melodia. Por exemplo...(Sérgio Canta) Foi em mil novecentos e sessenta e quatro/ que aboliram a República no Brasil... o samba fica difícil, aliás nisso aí só a melodia que é minha, a letra é do general Mourão Filho... mas vamos mudar de assunto outra vez, antes que seja tarde demais”.
Em grupo os alunos podem assistir o filme Vista minha pele que expressa a construção social de preconceitos referentes adiferentes culturas. Após assistir o filme, traga para o debate questões que podem se inspirar no trecho abaixo:
“O que fica pra nós: que a curiosidade sobre o Outro, sobre a diversidade cultural e humana, pode partir de uma série delugares e com uma série de propósitos. Pode-se olhar o Outro com o olhar que o desumaniza, para se poder colocar como avatar doHumano; pode-se olhar para o Outro reconhecendo que ele também é humano, mas com uma humanidade pela metade, inferior, menor;pode-se olhar para o Outro para justificar uma série de ações sobre eles, julgando intervenções em seu cotidiano como necessáriasao seu bem-estar, desconsiderando que ele possa ter concepções diferentes da nossa a respeito do que é bem-estar (colonialismo,catequese, conversões religiosas, conversões culturais); mas pode-se olhar para o Outro a fim de compreender quais os sentidosque ele próprio constrói sobre si. Pode-se olhar para o Outro a fim de desexotizá-lo, a partir de um exercício de interpretação ede compreensão mais alargado; pode-se olhar para as diferenças culturais pela importância que elas trazem na constatação de queuma mesma espécie possa construir sobre o mundo interpretações as mais diversas e igualmente válidas; pode-se aproveitar esseconhecimento acerca do Outro para colocar em xeque, ou se questionar, a respeito das nossas próprias verdades, daquilo queconsideramos como dado, como natural, como “sempre foi assim”. Esses exercícios outros sobre o Outro é que dão base àAntropologia e constituem sua força motriz principal”. (LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense,1994).
Possibilidade de desenvolver um trabalho em grupo e de promover o debate de forma que, pedagogicamente, os alunos possamexpressar suas opiniões, crenças e valores, possam escutar e respeitar o discurso dos outros ao mesmo tempo que ousam intervir.Trata-se justamente de ser um meio de marcar as diferenças entre argumentos e preconceitos. Esta questão da alteridade, a noçãode preconceitos é uma questão chave para a formação de cidadãos.
A organização dos trabalhos de discussão coletivos podem ser feitos e adaptados de acordo com os níveis de formação dos alunos, desde o ensino fundamental abordando o "saber-viver junto" até o debate argumentado no âmbito do ensino médio e do ensino universitário.
https://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM
Trata-se de uma paródia da realidade brasileira, para servir de material básico para discussão sobre racismo epreconceito. Nessa história invertida, onde os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados. Os países pobressão, por exemplo, Alemanha e Inglaterra, e os países ricos são, por exemplo, África do Sul e Moçambique. Maria, é uma meninabranca pobre, que estuda num colégio particular graças à bolsa-de-estudos que tem pelo fato de sua mãe ser faxineira nestaescola. A maioria de seus colegas a hostilizam, por sua cor e por sua condição social, com exceção de sua amiga Luana, filha deum diplomata que, por ter morado em países pobres, possui uma visão mais abrangente da realidade.
Maria quer ser Miss Festa Junina da escola, mas isso requer um esforço enorme, que vai desde a predominância da supremacia racial negra (a mídia só apresenta modelos negros como sinônimo de beleza), a resistência de seus pais, a aversão dos colegas e a dificuldade em vender os bilhetes para seus conhecidos, em sua maioria muito pobres. Maria tem em Luana uma forte aliada e as duas vão se envolver numa série de aventuras para alcançar seus objetivos.
Vencer ou não o Concurso não é o principal foco do vídeo, mas sim a disposição de Maria em enfrentar essa situação. Aofinal ela descobre que, quanto mais confia em si mesma, mais possibilidades ela tinha de convencer outros de sua chance devencer.
O filme é patrocinado pelo CEERT Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, uma organização sem finslucrativos, criada em 1990 com o objetivo de conjugar a produção de conhecimento e programas de intervenção na problemática dasdesigualdades.