Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros.Mia Couto
Mas o deficit de leitura é muito mais geral.
Não sabemos ler o mundo, não lemos os outros.
Partindo da construção feita nos demais módulos, sobre as relações entre Imagem e o Outro, e de que esses temas podem parecer, para um observador/leitor não muito atento, como fios soltos de uma trama complexa, propõe-se nesse módulo visitar conceitos centrais que permitem compreender o funcionamento social do ponto de vista do olhar antropológico, e que estruturam nossas identidades e nossas relações com o Outro, assim como trazer alguns elementos sobre o trabalho do antropólogo- olhar, ouvir, escrever.
Para descobrir quem as pessoas pensam que são, o que pensam que estão fazendo e com que finalidade pensam que o estão fazendo, é necessário adquirir uma familiaridade operacional com os conjuntos de significado em meio aos quais elas levam suas vidas. Isso não requer sentir como os outros ou pensar como eles, o que é simplesmente impossível. Nem virar nativo, o que é uma ideia impraticável e inevitavelmente falsa. Requer aprender como viver com eles, sendo de outro lugar e tendo um mundo próprio diferente (Geertz, 2001, p. 26).
Também pensamos que neste módulo podemos trabalhar questões contemporâneas referentes as relações entre imagens, cultura e políticas raciais, pois a imagem também contribui para desconstrução da invisibilidade de segmentos populacionais, para os quais as políticas públicas muitas vezes não garantem reconhecimento das identidades e especificidades culturais.