MÓDULO II
A IMAGEM, INSTRUMENTO DE CONHECIMENTO
OU DE INTERIORIZAÇÃO DE PROCONCEITOS?

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VIAGEM PITORESCA AO BRASIL DE DEBRET E RUGENDAS

A fotografia jornalística, as imagens que documentam o homem e o seu cotidiano, a cidade e o campo, a paisagem e os fatos gerados por ela, é hoje uma realidade corriqueira, que pode ser exercida por qualquer um, desde que se tenha uma objetiva na mão e observe o mundo ao seu redor. Nem sempre dispositivos como uma câmera digital, estiveram à disposição. Cabia no passado, aos desenhistas e pintores retratarem o cotidiano do mundo em que viviam, através de litografias que registravam o seu tempo e a sua época.

O Brasil colonial foi fartamente retratado por grandes pintores e desenhistas, como o francês Jean-Baptiste Debret e o alemão Johann Moritz Rugendas. Pintores e desenhistas das cenas brasileiras da primeira metade do século XIX, eles trazem a paisagem humana viva de uma colônia que elevada à categoria de reino unido, ainda não rompera com as amarras econômicas que se sustentava pela escravidão tanto dos negros africanos quanto dos indígenas nativos. Do homem à botânica, das etnias que construíam a Colônia aos animais que habitavam as suas florestas, tudo foi retratado por estes grandes desenhistas.

Aqui fazemos uma viagem ao Brasil colônia do século XIX, com Debret e Rugendas (autor da gravura acima, Missa de Nossa Senhora da Candelária em Pernambuco, da obra Voyage Pittoresque au Brésil), mergulhando em um passado que não mais existe, mas mesmo distante, deixou suas marcas indeléveis na paisagem humana e nos costumes da nação que se construiu a partir desta época.

Jean-Baptiste Debret e a Missão Artística Francesa

Jean-Baptiste Debret (1768-1848), pintor e desenhista nascido em Paris, integrou a Missão Artística Francesa, chegando ao Brasil em 1816, ao lado do arquiteto Grandjean de Montigny. A missão aconteceu por solicitação de dom João VI, sendo planejada por António Araújo e Azevedo, o conde da Barca. O objetivo da missão era, entre outros, organizar a criação da Academia de Belas Artes.

Durante a época que esteve no Brasil, de 1816 a 1931, Debret, com os seus traços do neoclassicismo, retratou com detalhes históricos únicos o Brasil de então. Da corte portuguesa no país à corte instalada pelo proclamador da independência, dom Pedro I, nada passou despercebido na obra de Debret. Quando retornou à França, publicou, entre 1834 e 1839, Voyage Pittoresque et Historique au Brésil (Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil), que documentava os aspectos do homem, da natureza e da sociedade brasileira.

O Brasil de Debret

As gravuras aqui mostradas têm textos do próprio Jean-Baptiste Debret, extraídos de Voyage Pittoresque et Historique au Brésil.

Charruas Civilizados – Jean-Baptiste Debret – Da obra "Voyage Pittoresque et Historique au Brésil".

"Em uma das províncias meridionais do Brasil... existe uma nação de indígenas completamente selvagens denominados Charruas, que ocupam uma vasta área de pântanos e bosques. Vivem em meio a manadas de cavalos selvagens, de que comem a carne, preferindo-a a qualquer alimento.
... É somente na província de São Pedro e de Espírito Santo que se encontra grande número de Charruas civilizados, a maior parte originários do Paraguai. Andam quase sempre a cavalo, envolvidos pelo poncho... e trazem sempre uma grande faca à cintura, ou simplesmente colocada em uma das botas. O comércio de animais é a sua principal ocupação; e frequentemente, sob o nome de peões, servem de guias aos viajantes que percorrem estas províncias. Não menos intrépidos a pé que a cavalo, eles não temem atacar a onça, o braço esquerdo envolvido pelo poncho com toda precaução, e coberto por um pedaço de couro. Assim preparado ao combate, e tendo na mão direita a sua faca, ele vai ao encontro do animal e o desafia. O caçador avança o braço esquerdo, e quando a onça arremete, ele lhe mergulha a faca no peito e a mata de um só golpe. Este gênero de combate lhes é tão familiar que estão sempre dispostos a proporcionar soberbas peles de onça pela quantia de cinco francos (um patacão); é uma especulação que eles reservam para fazer frente às despesas com suas diversões, pouco variadas na verdade, pois consistem em passar grande parte de seu tempo nas tavernas fumando, bebendo aguardente e jogando cartas, prazer que termina quase sempre em golpes de faca. Embora naturalmente inclinados ao roubo e ao assassinato, eles são de uma fidelidade a toda prova, caso tenham sido contratados para a escolta de um viajante."

"Retour à la Ville de Nègres Chasseurs – Jean-Baptiste Debret – Da obra Voyage Pittoresque et Historique au Brésil".

"É sobretudo na roça que são criados os negros que se tornam caçadores de profissão. É lá que, devendo desde jovens acompanhar os comboios, ou em companhia somente de seu senhor, em longas e penosas viagens, eles vão sempre armados de um fuzil, tanto para sua segurança pessoal quanto para obter alimento... Este gênero de vida torna-se uma paixão a tal ponto dominante entre os negros da roça, que ele não aspira à liberdade senão para penetrar nas florestas como caçador profissional, e se dar sem reservas às atrações de uma inclinação que serve ao mesmo tempo a seus interesses. Então, livre, longe da opressão do chicote, o direito de pensar faz dele um fornecedor tão hábil quanto o homem branco, de quem conhece os gestos; e, perfeitamente a par do valor de uma peça fina que se encontra misturada à caça grossa que ele traz à cidade, ele vai oferecê-la de preferência ao cozinheiro de uma grande casa, que o paga de modo satisfatório; assim, aliando a inteligência ao esforço, frequentemente ele torna sua profissão muito lucrativa."

Selvagens Civilizados Soldados Índios da Província de Curitiba Conduzindo Prisioneiros Indígenas – Jean-Baptiste Debret – Da obra "Voyage Pittoresque et Historique au Brésil".

"Observa-se na província de São Paulo, Comarca de Curitiba, as aldeias de Itapeva e Curros, cuja população inteira se compõe de caçadores indígenas, empregados pelo governo brasileiro para lutar contra os selvagens e os expulsar pouco a pouco dos locais próximos às terras por onde os cultivos começam a avançar...
Estes soldados aguerridos... dormem sem acender fogo na floresta, para que sua presença não seja percebida pelos selvagens que eles procuram surpreender... Cada ano, numa certa época, o governo lhes dá munições para a campanha; uma vez em marcha, eles não retornam antes de haver esgotado suas provisões de guerra; então, repousam até a campanha seguinte. Durante este intervalo eles cultivam suas terras e servem de guia aos viajantes estrangeiros... Sua tática é atacar os ranchos dos selvagens, matar os homens e trazer prisioneiras as mulheres e crianças. Selvagens até época recente, eles mostram-se mais aptos que os europeus a empregar as artimanhas necessárias a este gênero de expedições."

"Múmia de um Chefe Coroado – Jean-Baptiste Debret – Da obra Voyage Pittoresque et Historique au Brésil".

"Segundo a opinião de um escritor muito respeitado, os selvagens do Brasil chamados Coroados seriam os antigos Goitacazes. Este nome de Coroados lhes foi primitivamente dado pelos portugueses por causa do penteado de seus chefes, que efetivamente cortam o cabelo de modo a deixar uma espécie de coroa isolada no alto da cabeça; no entanto, muito deles trazem os cabelos caídos sob as espáduas...
Os Coroados tinham antigamente o costume de enterrar seus chefes de uma maneira particular: os restos mortais deste chefe reverenciado eram encerrados em um grande vaso denominado camucis, enterrado em seguida profundamente junto a uma grande árvore... Estas múmias, revestidas de suas insígnias, estão perfeitamente intactas, e são sempre colocadas, em sua urna funerária, de modo a conservar a atitude de um homem sentado sob seus calcanhares, posição habitual do selvagem quando em repouso. Pretendiam, por este meio, fazer uma alusão à morte, este eterno repouso?"

Rugendas, Vindo com a Expedição do Barão de Langsdorff

O desenhista Johann Moritz Rugendas (1802-1858), nascido em Augsburg, chegou bem jovem ao Brasil, em 1921, vindo como membro da expedição do Barão de Langsdorff, cientista e diplomata russo. No Brasil, Rugendas logo deixou a expedição e passou a viajar por sua própria conta, percorrendo de 1822 a 1825 várias partes do país, dedicando-se a retratar os mais variados aspectos da vida da nação que se formava depois da independência em relação a Portugal. Rugendas registra justamente o momento de transição entre o Brasil colônia e o Brasil nação independente. Os registros de Rugendas do cotidiano brasileiro, formaram uma coletânea de cem trabalhos publicada em Paris, em 1835, sob o título de Voyage Pittoresque au Brésil (Viagem Pitoresca ao Brasil).

O Brasil de Rugendas

É da obra Voyage Pittoresque au Brésil, que se extraiu os textos que ilustram as imagens aqui apresentadas, escritos por Koster, citados por Rugendas.

Nègres a Fond de Calle (Negros no Porão de Navio) – Johann Moritz Rugendas – "Da obra Voyage Pittoresque au Brésil".

"Embarcam-se, anualmente, cerca de 120 000 negros na costa da África, unicamente para o Brasil, e é raro chegarem ao destino mais de 80 a 90 mil. Perde-se, portanto, cerca de um terço durante a travessia de dois meses e meio a três meses... Ao chegarem à fazenda, confia-se o escravo aos cuidados de um ou outro mais velho e já batizado. Este o recebe na sua cabana e procura fazê-lo, pouco a pouco, participar de suas ocupações domésticas; ensina-lhe também algumas palavras em português.
E somente quando o novo escravo se acha completamente refeito das consequências da travessia que se começa a fazê-lo tomar parte nos trabalhos agrícolas..."

Habitações de Negros – Johann Moritz Rugendas – Da obra "Voyage Pittoresque au Brésil".

"Enviam-se os escravos logo ao nascer do sol... Às oito horas concede-se-lhes meia hora para almoçar e descansar. Em algumas fazendas fazem os escravos almoçarem antes de partirem para o trabalho, isto é, imediatamente depois do nascer do sol. Ao meio dia eles têm duas horas para o jantar e o repouso e, em seguida, trabalham até as seis horas.
As mulheres casam-se com catorze anos, os homens, com dezessete e dezoito; em geral incentivam-se esses casamentos. As jovens mulheres participam do trabalho do campo e aos recém-casados se dá um pedaço de terra para construir sua cabana e plantar, por conta própria, em certos dias... Nos domingos, ou dias de festa, tão numerosos que absorvem mais de cem dias por anos, os escravos são dispensados do trabalho por seus senhores e podem descansar ou trabalhar para si próprios... Assim, um dos mandamentos da Igreja Católica, tão amiúde censurado como abusivo e pernicioso, tornou-se um verdadeiro benefício para os escravos, e quando o Governo português achou que devia atender às necessidades do progresso, tomando medidas para diminuir o número de festas, a inovação não alcançou a aprovação dos homens mais esclarecidos do Brasil. Diziam estes, com razão, que o que podia ser benefício para Portugal não passava de crueldade para com os escravos. Que responder a isso, senão que essa contradição já constitui uma prova do absurdo de todo o sistema? Como quer que seja, as cabanas dos escravos contêm mais ou menos tudo que neste clima pode ser considerado necessário. Por outro lado, eles possuem galinhas, porcos, às vezes mesmo um cavalo ou uma besta, que alugam com vantagem porque a alimentação nada lhes custa."

Guerrilhas – Johann Moritz Rugendas – Da obra "Voyage Pittoresque au Brésil".

"Os relatórios dos mais antigos visitantes, como Jean Léry, Hans Staden, etc., demonstraram que, na época da conquista, os habitantes primitivos do Brasil estavam num estágio de civilização mais elevada que aquele em que os vemos hoje. A razão principal dessa decadência está, sem dúvida, nas relações com os portugueses... os índios não são homens em estado natural e não são selvagens, mas sim homens que retrocederam ao estado de selvageria, porque foram rechaçados violentamente do ponto a que haviam chegado...
...limita-se o governo a instalar, nos lugares mais expostos do país, ou naqueles em que a estrada atravessa a floresta, quartéis ou presídios; são geralmente simples postos, com alguns soldados, sob o comando de um suboficial...
Quando os índios praticam algum ato de hostilidade em determinado lugar, ou quando, como acontece, atacam de surpresa um desses postos, para puni-los e amedrontá-los faz-se uma entrada. Reúnem-se alguns postos, sob o comando do capitão do distrito e dá-se caça aos índios, atacando-os em toda parte onde se encontrem. Procura-se de preferência surpreendê-los nos acampamentos e, quando descobertos, são cercados durante a noite, e ao clarear do dia faz-se fogo, de todos os lados, contra os índios ainda adormecidos. Assim surpreendidos, os selvagens tentam escapar pela fuga. Em regra geral, os soldados massacram tudo que lhes cai nas mãos e só poupam as mulheres e crianças muito raramente, e assim mesmo quando cessa toda a resistência, a qual é, não raro, obstinada."

Fête de Ste. Rosalie, Patrone dês Nègres (Festa de Nossa Senhora do Rosário, Padroeira dos Negros) – Johann Moritz Rugendas – Da obra "Voyage Pittoresque au Brésil".

"No mês de maio, os negros celebram a festa de Nossa Senhora do Rosário. É nesta ocasião que têm por costume eleger o Rei do Congo, o que acontece quando aquele que estava revestido dessa dignidade morreu durante o ano, quando um motivo qualquer o obrigou a demitir-se, ou ainda, o que ocorre às vezes, quando foi destronado pelos seus súditos. Permitem aos negros do Congo eleger um rei e uma rainha de sua nação, e essa escolha tanto pode recair num escravo como num negro livre. Este príncipe tem, sobre seus súditos, uma espécie de poder que os brancos ridicularizam e que se manifesta principalmente nas festas religiosas dos negros como, por exemplo, na de sua padroeira Nossa Senhora do Rosário...
... Às onze horas fui à igreja com o capelão e, não demorou muito, vimos chegar uma multidão de negros, ao som dos tambores. Homens e mulheres usavam vestimentas das mais vivas cores que haviam encontrado. Quando se aproximaram, distinguimos o Rei, a Rainha, o Ministro de Estado. Os primeiros usavam coroas de papelão, recobertas de papel dourado... As despesas da cerimônia deviam ser pagas pelos negros, por isso haviam colocado na igreja uma pequena mesa à qual estavam sentados o tesoureiro e outros membros da irmandade negra do Rosário, os quais recebiam os donativos dos assistentes dentro de uma espécie de cofre."

Chasse au Tigre (Caça à Onça) – Johann Moritz Rugendas – Da obra "Voyage Pittoresque au Brésil".

"O arco e a flecha são as armas principais dos índios. São muito mais compridos do que as de outros selvagens, embora a maior parte dos índios da América Meridional use também arcos e flechas muito compridos. A lança e o laço se encontram apenas em algumas tribos que, depois do descobrimento, adotaram o cavalo para combater. E somente nessas tribos foram os arcos e as flechas encurtados. O arco dos brasileiros tem muitas vezes cinco, seis e mesmo sete pés de cumprimento...
Há três espécies de flecha. Uma de ponta larga, feita em geral de bambu tangaraçu; é dura e muito aguçada. Para aumentar ainda a força da penetração, a ponta é encerada e a taquara, também encerada ao fogo, torna-se tão dura quanto o chifre. Como na taquara a ponta é oca, os ferimentos que ela produz sangram fortemente. Por isso é empregada, principalmente, na guerra e na caça de grandes animais."

Zoológicos Humanos

EXIBIÇÕES, dá visibilidade a historia de mulheres, homens e crianças, vindas da África, da Oceania ou da América, exibidas no Ocidente por ocasião de números de circo, de representações de teatro, de revistas de cabaré, de feiras, de zoológicos, de desfiles, de vilarejos reconstituídos ou no quadro das exposições universais e coloniais.

Um processo que começou no século 16 nas cortes reais e que cresceu/se desenvolveu até a metade do século 20 na Europa, na America e no Japão.

Pinturas, esculturas, cartazes, cartões postais, filmes, fotografias, moldes, maquetes e vestimentas fornecem uma ideia da amplitude deste fenômeno e do sucesso desta indústria do espetáculo exótico que fascinou mais de um bilhão de visitantes de 1800 a 1958 e mobilizou quase 35.000 figurantes no mundo.

Por meio deste vasto panorama composto por quase 600 obras e numerosas projeções de filmes de arquivos, a exposição mostra como estes espetáculos, ao mesmo tempo uma ferramenta de propaganda, objeto científico e fonte de diversão, formataram o olhar ocidental e influenciaram profundamente a maneira como o Outro é apreendido há quase cinco séculos.

A exposição explora as fronteiras as vezes tênues entre exóticos e monstros, ciência e voyeurismo (excesso de curiosidade relacionada ao que é particular ou íntimo), exibição e espetáculo, e questiona o visitante sobre seus próprios preconceitos no mundo de hoje.

Se estas exibições desapareceram progressivamente nos anos 30, elas serviram para desempenhar sua função: criar uma fronteira entre os exibidos e os visitantes. Uma fronteira que podemos nos questionar se ela não existem ainda.

Clique aqui para o PDF com resumo e imagens da exposição.

Jardim da Aclimatação

O Jardim da Aclimatação (Jardin d‘Acclimatation) foi criado por iniciativa da Sociedade Imperial de Zoologia da Aclimatação. Fundada em 1854 pelo zoologista Isidore Geoffroy Saint-Hilaire. Esta Sociedade Acadêmica tinha por objetivo contribuir com a introdução e a aclimatação de espécies animais exóticas para fins agrícolas, comerciais ou de lazer.

O Jardim Zoológico

Em 1858, a Sociedade Acadêmica ganha, da Prefeitura de Paris, a concessão de um espaço de 15 hectares ao norte do limite do Bois de Boulogne para instalar um jardim de exposção de plantas e animais úteis para o país ». Essa área estava em obras desde 1855. Na sua abertura, em 9 de outubro de 1860, o exotismo estava muito presente: encontravam-se ursos, girfas, camelos, cangurus, bananeiras e bambus. Em outubro de 1861, um aquário foi instalado.

Aquário, 1863
Fonte: https://fr.wikipedia.org/wiki/Jardin_d%27acclimatation_(Paris)

O Jardim etnológico

A exposição de seres humanos apresentados como selvagens é um fato existente de longa data neste local. Em 1877, Carl Hagenbeck propõe, ao olhar dos parisienses, uma pequena tribo da Núbia. Durante quase um quarto de século, foram organizadas vinte e duas exposições de seres humanos. Tratava-se majoriatariamente de africanos, mas encontravam-se também índios, lapões (suecos) ou cosaques (russos) . Os grupos apresentados são, da mesma forma que os animais, provenientes da mesma região. Essas exibições dos selvagens alimentaram, desde o século XIX, vivos debates, pois os seres humanos ficavam confinados atrás de grades, como animais enjaulados. O Jardim torna-se durante este período um dos mais Altos lugares Antropológicos em Paris.

Ao longo do quarto de século seguinte, o ritmo das exposições diminui: foram somente uma dezena entre 1903 e 1931, data da última exposição humana. Entretanto, elas adquirem um contorno claramente colonial, as tribos sendo selecionadas nos locais do império colonial francês: Senegal, África do Norte, Nova Caledônia, etc.

Prospectus publicitaire. Plan de l'exposition coloniale internationale.
"De mai octobre 1931, vous ferez à Paris le tour du monde en un jour.
(...) Tout le charme et le mystère de l'exotisme dans un admirable décor d'eau et de verdure."